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Saudade Funesta

sexta-feira, agosto 26, 2005


O que não fazemos para ganhar alguns caraminguás e pagar as contas nesta vida? Eu, que nos últimos anos ganho a vida escrevendo – recados, no estilo devo-não-nego para meus cobradores, na maioria das vezes –, tenho sentido saudades de escrever obituários, se é que a leitora me entende.

Explico: durante um tempo – não mais que três meses –, fui o responsável por escrever na seção de óbitos de uma revista, onde a maioria dos leitores era composta por septuagenários (a leitora já imagina que trabalho nunca faltou).

Para quem já escreveu de tudo nesta vida para ganhar algum – cartões de aniversário, discursos para políticos de subúrbio etc. etc. –, escrever obituários parece menor. Mas o fato é que tenho sentido saudades de escrever sobre (e para) os mortos. Funesto? Sim, mas o grande problema, ultimamente, é ter de escrever para os vivos...

A troca

domingo, agosto 21, 2005
Esta é uma história sobre trocas. E começa, para não desmentir o título, com uma delas.
Foi para fazer uma troca que Cristiane entrou naquela loja de jóias num dia insosso. Havia ganhado um colar de diamantes do marido e já entrou na loja pedindo para que fizessem a troca. Do colar, não do marido, embora Cristiane fosse acostumada a trocar os presentes que recebia.

– Querida, este não é aquele vestido que te dei ano passado? Ele não era azul?
– Lavanderia, Olavo. Sabe como é.

Dizem que Cristiane só não trocava mesmo o marido, um modelo 56 movido a álcool - e não era qualquer tipo de álcool; Olavo preferia uísque doze anos -, que conhecera em um jogo de gamão, quando visitava tia Carminha.

– Lendo Paulo Coelho, querida? Mas e o Kafka que te dei?
– O quê, tia?
– O Kafka, o que aconteceu com o Kafka?
– Não ficou sabendo? Tuberculose, coitado. Morreu na miséria.

Por estar acompanhada da sogra e da tia Carminha, Cristiane não pôde fazer a troca que tanto queria. No dia seguinte, receberia em seu apartamento – também já havia trocado dez vezes de apartamento – duas vendedoras que lhe mostrariam algumas jóias para a realização da troca. Seria uma operação ultra-secreta. Nada poderia dar errado. O marido não sabia da troca. Nem a sogra, a tia Carminha e as vendedoras. De repente, no meio da negociação, Olavo bate na porta do flat e Cristiane, muita calma e segura, embora tivesse ficado extremamente pálida, trêmula e gaga, pergunta às vendedoras se queriam, por um acaso, conhecer o banheiro do seu “apê”. As vendedoras são enfáticas:

– Não – E Cristiane, com muita delicadeza, empurra as duas para dentro do banheiro.

– Oi, querida. Vim buscar meu short.
– Olavo, não entre nesse banheiro!
– Por quê? O que tem aí dentro?
– Ora, Olavo. O de sempre: a banheira, o lavatório, o espelho e as duas vende...
– O quê?
– Esquece, Olavo. Eu entro aí e pego o seu short.

A situação das vendedoras era realmente ultrajante. Sirlene, doze anos de casa, sentada no lavatório; e Lucineide, que fora promovida ano passado, dentro da banheira.

Graças a Deus e ao difícil adversário de Olavo na partida de tênis daquela tarde, Cristiane conseguiu fazer a troca. A desculpa de um orangotango do vizinho veterinário usando o lavatório realmente havia convencido Olavo naquele dia.

Dizem por aí que Cristiane sempre volta à mesma loja para comprar outras jóias; escolhe, diz “oi” para as vendedoras, mas, estranhamente, nunca pede para ir ao banheiro.

Cacos

domingo, agosto 14, 2005

Cena 1

Entra uma
senhora de alta sociedade. Zoraide, além de muito rica e pão-dura, era distinta, pão-dura, chique, pão-dura e um tanto comedida na hora de gastar seu dinheiro. Havia até um concurso interno no sindicato das senhoras de alta sociedade, para descobrir que tipo de animal peçonhento Zoraide escondia em sua mão. Diziam que havia até prêmio: cerca de mil reais para a felizarda. Mil reais? Mil não, novecentos. Oitocentos e cinqüenta. Setecentos. Setecentos reais e não se fala mais nisso.

Eis
que Zoraide é convidada para o casamento do ano, daqueles que acontecem de século em século. Sem maiores problemas, Zoraide começa sua peregrinação às lojas mais chiques da cidade, daquelas que possuem sensores ultra-modernos, capazes de captar o tilintar das jóias dos pescoços das senhoras de alta sociedade a quilômetros de distância. Zoraide entra na trigésima quinta loja, onde pode ver pratarias, porcelanas portuguesas do século XIV e os cacos de um vaso caríssimo que acabara de derrubar no chão.

Meus Deus, que tragédia!
Não se preocupe, senhora. Tem seguro – responde o vendedor, com um sorriso frio.

Zoraide
então, usando toda sua capacidade economicista, faz as contas:

Quanto vale este vaso? – que até aquele momento, e através de um processo de reprodução assexuada, havia se multiplicado em quinhentos.

Corta
para o casamento. Zoraide, que havia pago dez reais para o vendedor embrulharmuito bem” o que havia sobrado do vaso, sai de seu carro segurando o presente para a noiva.

Estava
tudo planejado. O tombo cinematográfico. A queda do presente no chão. O choro convulsivo. O consolar da noiva e dos convidados.

Não tem problema, Zoraide. Sei que você comprou com o maior carinho.

E por solidariedade, a noiva abre o presente na frente de todos. Comentam no sindicato que até hoje Zoraide não se recuperou do susto ao ver, diante da noiva, que o vendedor havia embalado caco por caco em refinadas folhas de seda.

Mudanças e feijoadas

quarta-feira, agosto 10, 2005
Este cartum é da época em que havia apenas números depois de "Photoshop", e eu conseguia me virar com as ferramentas triviais. Hoje, há letras depois do nome do programa, e eu, amedrontado com a mudança, tento saber se, no Photoshop, a cor azul ainda é chamada de azul e, o verde, verde.


Enfim, sou um cartunista diletante voltando a fazer minhas caminhadas. É assim mesmo.



Serviço de inutilidade pública

terça-feira, agosto 09, 2005

De acordo com (mais um) a empresa Technorati, (mais um) os internautas do mundo inteiro (mais um) criam um blog a cada segundo. Atualmente, (mais um) 80 mil novas páginas surgem a cada dia (mais um).

Diquis

Ferramenta imprescindível para jornalistas, escritores e tradutores: Dicionário Mussunzês/Português. Dica de meu sonho de consumo, Luciana Xavier.

Tudo-em-um

Se você – como eu – visita uns quinze sites por dia, então é melhor montar seu roteiro de leituras on-line usando a mesma interface, de forma muito mais rápida e eficiente.

Como? É só usar um agregador de feeds (também chamados de RSS). Dê uma passada no meu leitor de feeds público do Bloglines e experimente clicar nas pastas à esquerda. Depois, vá até o Web Insider e leia o esclarecedor artigo do Julio Daio Borges sobre como montar seu próprio roteiro de leituras on-line.

No stress

Terapia para os momentos de estresse no trabalho: uma mulher pra chamar de sua.

Morfologia para leigos

domingo, agosto 07, 2005

Ímã é uma das palavras mais estranhas da língua portuguesa. Além de conter apenas três letras, sendo duas delas vogaisque para nada servem, segundo os portugueses de sotaque mais carregado –, ainda começa com acento agudo e termina com til.

Mais estranho que a palavra ímã, mesmo o objeto batizado com tal bizarrice morfológica: há no planeta coisa mais estranhanão vale o chiclete –, que grude em outro objeto de mesmo tipo e, quando virado ao contrário, consegue repeli-lo?

, o ímã é a prova de que uma coisa com nome estranho carrega em si a mesma estranhez. Tese essa que às vezes cai por terra quando falamos da Luma (de Oliveira) e da Isolda (minha vizinha do 403), que podem até ter nomes estranhos, mas são as coisas mais perfeitas do planeta.

E que estamos falando de mulheres, há objetos (vaias femininas ao fundo, um jarro de flores é arremessado contra o autor) que têm nomes normais, mas são a exemplificação da mais completa bizarrice.

Jiló, por exemplo. Palavra trivial, duas vogais depois de duas consoantes e um acento agudo pra marcar o ritmo: ji-ló. Entram nesse time de palavras normais para classificar coisas complicadas o trabalho, o Brasil, o casamento e a Marcela (a ex-vizinha do 304).

Mas a verdade é que o casamento é igualzinho ao ímã: primeiro gruda que não solta mais, depois repele e afasta de uma tal maneira, que no final das contas, com divórcio mesmo.

Cotidiano

Atendendo a pedidos, um quadrinho de minha finada série Cotidiano.



Rápidas e rasteiras

quarta-feira, agosto 03, 2005
Calvície

Todo mundo já está careca de saber:
se o Marcos Valério falar tudo o que sabe, muita gente vai arrancar os cabelos.


Inépcia
Muita gente acha que o Lula não sabia.
Mas isso eu já sabia: que o Luis Inácio não sabe nada.


O sujo e o roto
No Brasil, o sujo, Roberto Jefferson, acusa o roto, José Dirceu.
De fato, precisamos fazer uma limpeza no país.

Teatro
José Dirceu representou muito bem durante seu depoimento, ontem, à Comissão de Ética. Me lembrou a Vera Holtz, literalmente.