Ímã é uma das palavras mais estranhas da língua portuguesa. Além de conter apenas três letras, sendo duas delas vogais – que para nada servem, segundo os portugueses de sotaque mais carregado –, ainda começa com acento agudo e termina com til.
Mais estranho que a palavra ímã, só mesmo o objeto batizado com tal bizarrice morfológica: há no planeta coisa mais estranha – não vale o chiclete –, que grude em outro objeto de mesmo tipo e, quando virado ao contrário, consegue repeli-lo?
Vá lá, o ímã é a prova de que uma coisa com nome estranho carrega em si a mesma estranhez. Tese essa que às vezes cai por terra quando falamos da Luma (de Oliveira) e da Isolda (minha vizinha do 403), que podem até ter nomes estranhos, mas são as coisas mais perfeitas do planeta.
E já que estamos falando de mulheres, há objetos (vaias femininas ao fundo, um jarro de flores é arremessado contra o autor) que têm nomes normais, mas são a exemplificação da mais completa bizarrice.
Jiló, por exemplo. Palavra trivial, duas vogais depois de duas consoantes e um acento agudo pra marcar o ritmo: ji-ló. Entram nesse time de palavras normais para classificar coisas complicadas o trabalho, o Brasil, o casamento e a Marcela (a ex-vizinha do 304).
Mas a verdade é que o casamento é igualzinho ao ímã: primeiro gruda que não solta mais, depois repele e afasta de uma tal maneira, que no final das contas, só com divórcio mesmo.