Bar, boteco, botequim, pé-sujo, butiquim, birosca. Os nomes
(e corruptelas) são infindáveis e servem para definir aquele espaço azulejado onde se faz desde a roda de samba na sexta-feira até a reunião pós-missa de sétimo dia; onde se discute política, religião e a anatomia alheia; e onde se brinda o prosaico e o patético, o necessário e o dispensável.
Em seu Manual de Sobrevivência nos Butiquins mais Vagabundos (Editora Senac, 128 páginas, R$ 39,50), o cantor e compositor Moacyr Luz narra o cotidiano dos botequins (eu prefiro chamá-los assim, mas o autor prefere butiquim) do Rio. São 25 crônicas bem-humoradas, intercaladas por depoimentos de célebres parceiros de copo e ilustradas pelo cartunista Jaguar, outro conhecido amante desse tipo de estabelecimento comercial.
No Manual..., Moacyr joga – desculpem o trocadilho – uma luz sobre as relações nem sempre harmoniosas que nascem do cotidiano dos botequins mais vagabundos. Para quem prefere a opinião de um profissional – tanto das letras como dos botecos – sugiro a imperdível resenha do jornalista Paulo Roberto Pires, meu ex-professor, no site NoMínimo.
Ressalvas, pois: o livro não é um manual para iniciantes, mas uma obra para os iniciados na baixa gastronomia de boteco, que inclui a moela, o ovo colorido e o picles de cenoura. Preparem o estômago, ébrios e pés-de-cana.