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Desencontros

segunda-feira, outubro 31, 2005

Não sou fã de despedidas. Elas geralmente são tão mentirosas quanto seus protagonistas: mulheres voltam aos braços de seus amantes, mesmo depois de terem dado adeus; cantores retornam aos palcos – e aos camarins –, logo depois do encerramento de suas carreiras; atletas regressam às quadras e aos campos, constrangidos, após terem, teoricamente, pendurado suas chuteiras, tênis e assemelhados.

Despedidas só existem para que os reencontros se tornem mais esperados. Elas são a distância
que torna possível a existência da saudade. Aliás, não existe palavra semelhante a saudade em norueguês.

A verdade é que eu desconhecia totalmente a existência da Noruega há uns dois anos.
Mas agora eu a conheço. À distância e por causa da distância.

Receituário

terça-feira, outubro 25, 2005
Eu conheço o dr. Pompílio. Mas ele não me conhece. Ou talvez não se lembre do menino
comprido e esquálido que por vezes freqüentou seu atarracado e inesquecível consultório no subúrbio da Leopoldina, em meados da década de oitenta.

Desconfio que o dr. Pompílio Navarro, assim como o Rui Barbosa e a Henriqueta Brieba, já tenha nascido septuagenário.

Tal qual um personagem de Gogol, que nasceu de fraque e cartola; e como o
chinês Confúcio, que segundo a lenda veio ao mundo já reclamando do reumatismo e da vista fraca, o médico uruguaio foi colocado pela primeira vez nos braços de sua mãe já de sapatos Vulcabrás sem cadarços, jaleco branco de tricoline e estetoscópio por sobre os ombros semi-arqueados.

Alguém já avisou ao dr. Pompílio que a penicilina foi descoberta e a abreugrafia, inventada? Duvido. Mas o que eu não duvido mesmo é que um dia desses eu volte ao seu consultório para ver como anda o Zé Honório, que é como chamo o meu coração, e o Otacílio, meu maltratado, reticente e sempre indisposto fígado.

Carrego comigo a suspeita de que o dr. Pompílio ainda tenha a pequena estante onde eram guardados, há duas décadas, alguns potes, feitos de vidro grosso, abarrotados de comprimidos e de beberagens que só o dr. Pompílio sabe para que servem.

Dia desses, dei de cara com o dr. Pompílio, com seu andar hesitante de septuagenário e sua cabeça repousada em um dos ombros, de jaleco branco, com um receituário nas mãos. – Ele ainda está vivo, meu Deus, e trabalhando – pensei comigo, lançando um olhar de inveja por sobre a inabalável saúde do dr. Pompílio.

Ele descobriu a poção mágica e tornou-se imortal, aposto. Semana que vem, vou retornar ao seu consultório e, mesmo que ele me reconheça e faça perguntas sobre minha bonquite e a minha rinite alérgica, não vou titubear. Adentro sua sala de espera e vocifero:

– Eu já sei de tudo, dr. Pompílio. E também quero a beberagem...

O definitivo manual dos ébrios

terça-feira, outubro 18, 2005

Bar, boteco, botequim, pé-sujo, butiquim, birosca. Os nomes
(e corruptelas) são infindáveis e servem para definir aquele espaço azulejado onde se faz desde a roda de samba na sexta-feira até a reunião pós-missa de sétimo dia; onde se discute política, religião e a anatomia alheia; e onde se brinda o prosaico e o patético, o necessário e o dispensável.

Em seu Manual de Sobrevivência nos Butiquins mais Vagabundos (Editora Senac, 128 páginas, R$ 39,50), o cantor e compositor Moacyr Luz narra o cotidiano dos botequins (eu prefiro chamá-los assim, mas o autor prefere butiquim) do Rio. São 25 crônicas bem-humoradas, intercaladas por depoimentos de célebres parceiros de copo e ilustradas pelo cartunista Jaguar, outro conhecido amante desse tipo de estabelecimento comercial.

No Manual..., Moacyr joga – desculpem o trocadilho – uma luz sobre as relações nem sempre harmoniosas que nascem do cotidiano dos botequins mais vagabundos. Para quem prefere a opinião de um profissional – tanto das letras como dos botecos – sugiro a imperdível resenha do jornalista Paulo Roberto Pires, meu ex-professor, no site NoMínimo.

Ressalvas, pois: o livro não é um manual para iniciantes, mas uma obra para os iniciados na baixa gastronomia de boteco, que inclui a moela, o ovo colorido e o picles de cenoura. Preparem o estômago, ébrios e pés-de-cana.

Curtas e grossas

segunda-feira, outubro 10, 2005

Domingo, 23h. Na TV, notícias sobre o terremoto no Paquistão. Vinte mil mortos. Em uma das imagens, homens retiram dos escombros um sobrevivente e gritam: “Alah é bom!”
De fato, não consigo deixar de invejar a fé de pessoas que acabaram de perder 20 mil de seus pares, e ainda têm força – e esperança, e confiança, etc. etc. etc.– para acreditar em um ser superior que cambaleia entre a omissão e o milagre.

A hora é agora
Depois que a Emilinha, a rainha do rádio – e também a favorita da Marinha – morreu, o momento é oportuno para que a Marlene – a outra rainha das ondas de éter – arrebanhe os milhões de fãs que ficaram órfãos e assuma de vez o trono.
Se o parágrafo anterior tivesse sido publicado há 50 anos, não deixaria de ser óbvio.
Quando citado nos dias de hoje, no meio de amigos, ele não deixa de ser uma bela piada. Triste pensar nisso, mas o sucesso (assim como a vida) é efêmero.

Quase nunca
Tenho recebido inúmeros pedidos para que a atualização deste hebdomadário faça jus ao seu epíteto: seja semanal. Confesso que minha ascendência baiana me força a atualizá-lo em períodos tão irregulares quanto distantes (de quando em quando, quase nunca etc.). Mas vou tentar, prometo, prometo.