Confraria dos sedentários anônimos
domingo, janeiro 29, 2006Desde então, tenho encontrado no ambiente acadêmico (posso chamar a academia de ginástica dessa forma, leitora?) material suficiente para escrever tratados filosóficos sobre a arte de exercitar-se.
Vamos à primeira teoria: o problema da humanidade não é a doença, mas a saúde. Os esforços que temos de fazer para mantê-la são insuportáveis. Vão da péssima música nas academias às dores depois dos exercícios, passando pela tortura de ter de decorar o nome das séries e dos aparelhos (supino reto cross over lhe diz alguma coisa?).
Também há a convivência com os demais freqüentadores do ambiente acadêmico. Aí é que eu me lembro do velho e bom Sartre: “O inferno são os outros.” Os outros que são mais fortes que você, os outros que conseguem levantar aquele peso que você nunca conseguirá levantar e os outros que sabem onde fica o supino reto cross over.
Quanto ao fato de só haver sujeitos mais fortes que você, na academia, volto ao primeiro parágrafo deste post – não há nada mais humilhante para um homem que ser diferente de seus pares – e lhes faço uma pergunta, minha segunda teoria: se todos os homens que estão à sua volta já têm bícepes hiperdesenvolvidos, isso significa que um dia eles foram iguais a você, esquálido? Não. Segundo uma companheira de letras, os bícepes de todos os seus companheiros de academia começaram a se desenvolver na adolescência e você, preocupado em apenas desenvolver as sinapses, perdeu o bonde da história.
Mas há, contudo, pequenos prazeres em uma academia de musculação: a hora em que terminam os exercícios, por exemplo. E a hora em que eles desligam a música. Também há a melhor invenção esportiva dos últimos tempos, depois dos tênis com molas – a musculação para mulheres. O que faz com que eu termine este post com minha terceira e derradeira teoria: o melhor em se fazer musculação não é observar o desenvolvimento do próprio bícepes, mas o desenvolvimento de outro músculo: o glúteo feminino.