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De bandos e bancos

sexta-feira, abril 14, 2006

Você sabe que há um bando de ciganas logo à sua frente quando percebe que os transeuntes estão fazendo uma curva desnecessária para chegar ao outro lado da calçada. Aliás, desnecessária, não. Necessária.

Andar pelo centro das grandes cidades nos últimos tempos tem se tornado um trabalho para profissionais. Há uma série de técnicas para driblar ciganas, panfletistas, engraxates já trintões, camelôs, batedores de carteiras e a praga do Brasil dos juros estratosféricos: os funcionários das financeiras.


Membros da linha de frente do negócio mais rentável hoje no país – o empréstimo pessoal –, os promotores de vendas têm uma tática de abordagem semelhante à das ciganas.


Tudo para convencer incautos a fazer um cartão de crédito ou tomar empréstimos que chegam a cobrar 16% de juros ao mês. Em uma comunidade no Orkut, funcionários da Taií, a financeira do banco Itaú, trocam informações sobre como atrair o cordeiro para o matadouro.


Vale tudo: agarrar o cliente, seqüestrar o CPF do pobre-coitado e retê-lo na loja para obrigá-lo a entrar e, é claro, não falar sobre os juros, pois "podem afastar a pessoa".
No tópico "Quais são seus argumentos para convencer o cliente", o promotor Lucas do Nascimento, de forma jocosa, afirma que mente, ao dizer para os possíveis clientes que eles podem concorrer a 100 bolsas de estudos por mês. "Mentira, todo mês não", explica o funcionário aos seus colegas de comunidade. "Falo também que vou sempre dar brindes e faço o cliente jogar um dado colorido que tem na loja, mas nunca ele ganha", lembra o promotor.

Ao redigir o relato, Lucas se referiu ao "bando Itaú" – um óbvio porém pertinente erro de digitação.

O problema é que esses – assim como as ciganas – pobres vendedores de ilusões são tão pobres quanto os incautos que servem apenas para inchar suas metas mensais e garantir a comissão minguada no final do mês. Quem lucra mesmo com o financiamento dos sonhos alheios são os banqueiros – em 2005, o Itaú obteve o maior lucro da história dos bancos: R$ 5,25 bilhões, 39,06% a mais do que em 2004. Em alguns casos, trocar o "c" pelo "d" faz toda a diferença.

Sem comentários

quinta-feira, abril 06, 2006

Réplica
Um manuscrito contendo a versão de Judas Iscariotes sobre a crucificação de Cristo foi publicado pela revista National Geographic. No texto, o apóstolo afirma que foi Jesus quem pediu para ser traído. Isso é o que eu chamo de direito de resposta.

Ingrato destino
O presidente Lula comparou o astronauta Marcos Pontes a Ayrton Senna. Depois de encher a paciência de muita gente com o excesso de exposição na mídia, já tem brasileiro torcendo para que o foguete do astronauta passe pela curva Tamborelo.

Retirada estratégica
O palhaço Carequinha faleceu esta semana, aos 90 anos. Deve ter se cansado da concorrência em Brasília.

Numa ilha deserta com Sig, Eustace Tilley e uma cabrocha

segunda-feira, abril 03, 2006

Dinheiro compra a felicidade? Todo o parco dinheiro que tenho hoje compra, sim. E ainda sobra troco. Se me arranjarem uma ilha deserta e uma cabrocha que aceite passar o resto de sua existência mal-acompanhada, prometo não incomodar mais os raros amigos, os parentes ricos e as leitoras de ocasião. Nunca mais.

Chegou às estantes o primeiro volume da antologia do Pasquim. São exatas 352 páginas com o melhor de um dos períodos mais férteis do jornalismo brasileiro, de 1969 a 1971. Antes, a revista New Yorker havia lançado, em dêvedê, uma edição com todos os números de seus 80 anos bem vividos. O supra-sumo de e de . O crème de la creme de Nova Iorque e de Ipanema.

De Jaguar a Crumb, de Ivan Lessa a Woody Allen, de Ziraldo a Steinberg, vou contando minhas parcas moedas e chego à conclusão: dá para comprar a felicidade.

O Pasquim surgiu em 1969, no Rio de Janeiro. Deu uma sacudidela na grande imprensa, mudou a linguagem publicitária, influenciou uma turma infindável de cartunistas e humoristas e fez escola com sua crítica de costumes, um recurso usado na época para bater na ditadura. Aos poucos, o jornal semanal, alternativo e nanico, saiu da marca de 14 mil exemplares e chegou aos 200 mil leitores. A brincadeira durou 22 anos.

a The New Yorker estreou em 21 de fevereiro de 1925, nos Estados Unidos. Foi fundada porque Harold Hoss desejava criar uma sofisticada revista de humor. Ainda que a publicação nunca tenha perdido sua original veia humorística, a The New Yorker rapidamente se estabeleceu como um local fecundo para o jornalismo de qualidade e a ficção. Passaram por nomes como Vladimir Nabokov, Truman Capote e Elizabeth Bishop.

O primeiro volume da antologia do Pasca custa R$ 59. Se multiplicarmos por quatro volumesainda nãoprevisão de lançamento para os outros três –, chegamos a R$ 239. A caixa com os oito dêvedês da New Yorker saem a US$ 50. Mais ou menos R$ 115 em moeda tupiniquim. No total, apenas R$ 354 pela felicidade. Uma pechincha.

E assim, ao lado do rato Sig, o símbolo do Pasquim; de Eustace Tilley, o dândi que virou mascote da revista norte-americana; e de uma cabrocha incauta, numa ilha deserta, eu imagino o paraíso. Agora, quanto deve custar uma ilha deserta?