Numa hipotética nação bíblica, um anunciado dilúvio com a duração de 40 dias e 40 noites assusta os consumidores. Pessoas correm aos principais supermercados para comprar coletes salva-vidas, pequenas embarcações e botes infláveis. Os especialistas, no entanto, alertam à população que somente grandes arcas poderão salvar os consumidores do dilúvio do Senhor.
É justamente neste cenário de incertezas que a empresa Noé S/A, fabricante de arcas, no mercado há 600 anos, lança sua Arca de Cipreste, resistente ao dilúvio que ameaça varrer da face da Terra corrompida e cheia de violência toda carne pecadora.
Toda carne corrompida e pecadora será exterminada, a menos que use as novas Arcas de Cipreste da Noé
Nos últimos dez dias, como resultado da divulgação, pela Noé Promisses, de uma profecia que alerta para o dilúvio do Senhor, os consumidores filipenses têm se preocupado com a compra de equipamentos náuticos, sobretudo aqueles destinados à permanência em alto-mar por vários dias, uma vez que o dilúvio tem a duração prevista de 40 dias e 40 noites. As vendas de botes infláveis subiu 69% e a de pequenas embarcações, 200%.
Segundo informações da empresa responsável pelo boletim meteorológico, o cataclisma deve fazer com que o nível do mar suba até 600 côvados. “Uma terrível tempestade deve varrer da face da Terra toda forma de vida conhecida até então, menos aquelas que possam conseguir proteção eficaz”, informa Abraão Seaman, CIO da Noé Promisses.
Desenvolvida pelos melhores pesquisadores da engenharia naval, e utilizando a melhor matéria-prima náutica, a Noé Embarcações, subsidiária das empresas Noé S/A, lança no mercado uma arca toda construída com tábuas de cipreste e calafetada com betume, por dentro e por fora. Segundo informações dos principais institutos de pesquisas navais do Velho Testamento, esse é o único meio de salvação para aqueles que pretendem assistir aos dias que sucederem ao dilúvio.
Quando as comportas do céu se abrirem, já estarão dentro da Arca um par de cada animal vivente, alimentos suficientes para a sobrevivência durante o período e toda infra-estrutura necessária para os consumidores filipenses. Funcionários devidamente treinados estarão espalhados por toda a Arca, para a devida orientação. As passagens para a Arca da Noé Embarcações já estão sendo vendidas pelo telefone 003 ou pelos principais mercadores do Templo.
É de conhecimento público – pelo menos eu suponho que sim – a seguinte (e antiga) teoria: submeter bebês às belíssimas composições do compositor clássico Mozart nos primeiros três anos de vida ajuda a torná-los mais inteligentes e a superar seus traumas. Aí é que este blogueiro de circunstância pergunta: submeter bebês às duvidáveis composições do ex-Beatle Paul MacCartney faz bem ou faz mal?
Pelo que vemos na imagem abaixo, parece que não faz nada bem. Detalhe: este flagrante foi enviado a este signatário pelo amigo Patrick Simas.
O pessoal que faz a atualização do Globon deve ter mais cuidado. Dêem uma olhada na foto da Lolita Cléo Pires e a chamada para uma promoção sobre alimentação. Vocês não acham que eu poderia processar o Globon por propaganda enganosa?
Pediram-no um conto. Cerca de vinte e cinco por cento dos escritores preferem os contos aos romances. Um romance é mais difícil de se escrever. Opinião de trinta e oito por cento dos contistas. Doze por cento desses trinta e oito por cento acreditam que bons autores de romances têm dezenove por cento de chances de se tornarem bons autores de contos.
Escreveu o enredo de seu conto. Oitenta por cento dos leitores gostam de contos. Dez por cento não desgostam e também não desdenham. Dez por cento odeiam. Com voz roufenha, leu seu conto em frente ao espelho. Riu um sorriso amarelo. Trinta e oito por cento dos contistas sorriem sorrisos amarelos.
Besta, datilografou seu conto em corpo dez. Quinze por cento dos escritores preferem corpo dez; vinte, doze; trinta, onze; trinta e cinco por cento são indiferentes.
Não era de ler estatísticas nos matutinos. Mas naquele dia, escreveu seu conto sobre estatísticas. Vinte e cinco por cento das palavras de seu conto eram numerais. Deu um título ao seu conto: “Estatísticas”. E terminou-o com um ponto final. Cem por centos dos contistas terminam seus contos com pontos finais.
Por detrás do vidro do ônibus metropolitano vejo cenas do passado ausente de mim Por detrás do vidro do ônibus metropolitano vejo o distanciamento dos paralelepípedos e a ausência dos meus, em mim Por detrás do vidro do ônibus metropolitano vejo agora a face da cidade que supõe e não se conhece vejo e não enxergo, procuro e não acho por detrás do vidro do ônibus metropolitano enxergo o diário espetáculo da vida Espero não esperar na fila dos desempregados por detrás do vidro do ônibus metropolitano desejo não desejar amar as meninas que nunca me amarão Desconheço em não conhecer por detrás dos edifícios, o desconhecido Sonho em não sonhar estar abaixo, porém por cima em automóvel com motorista particular Por detrás do vidro do ônibus metropolitano tento ler os jornais nas bancas e o pensamento de quem passa por detrás do vidro do ônibus metropolitano observo a simples vida de quem compra flores imagino seu apartamento por um momento Por detrás do vidro do ônibus metropolitano Salto então do ônibus somente para experimentar viver por detrás do vidro do ônibus metropolitano antes se via, agora se vive Aqui chove, lá ninguém se move por detrás do vidro do ônibus metropolitano a chuva é fria e as pessoas passam Porque agora sou apenas vidro ônibus e metropolitano