<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d8849594\x26blogName\x3dCaderno+de+Rascunhos+::\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLACK\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://cadernoderascunhos.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_BR\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://cadernoderascunhos.blogspot.com/\x26vt\x3d1207098319145265330', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

Receituário

Eu conheço o dr. Pompílio. Mas ele não me conhece. Ou talvez não se lembre do menino
comprido e esquálido que por vezes freqüentou seu atarracado e inesquecível consultório no subúrbio da Leopoldina, em meados da década de oitenta.

Desconfio que o dr. Pompílio Navarro, assim como o Rui Barbosa e a Henriqueta Brieba, já tenha nascido septuagenário.

Tal qual um personagem de Gogol, que nasceu de fraque e cartola; e como o
chinês Confúcio, que segundo a lenda veio ao mundo já reclamando do reumatismo e da vista fraca, o médico uruguaio foi colocado pela primeira vez nos braços de sua mãe já de sapatos Vulcabrás sem cadarços, jaleco branco de tricoline e estetoscópio por sobre os ombros semi-arqueados.

Alguém já avisou ao dr. Pompílio que a penicilina foi descoberta e a abreugrafia, inventada? Duvido. Mas o que eu não duvido mesmo é que um dia desses eu volte ao seu consultório para ver como anda o Zé Honório, que é como chamo o meu coração, e o Otacílio, meu maltratado, reticente e sempre indisposto fígado.

Carrego comigo a suspeita de que o dr. Pompílio ainda tenha a pequena estante onde eram guardados, há duas décadas, alguns potes, feitos de vidro grosso, abarrotados de comprimidos e de beberagens que só o dr. Pompílio sabe para que servem.

Dia desses, dei de cara com o dr. Pompílio, com seu andar hesitante de septuagenário e sua cabeça repousada em um dos ombros, de jaleco branco, com um receituário nas mãos. – Ele ainda está vivo, meu Deus, e trabalhando – pensei comigo, lançando um olhar de inveja por sobre a inabalável saúde do dr. Pompílio.

Ele descobriu a poção mágica e tornou-se imortal, aposto. Semana que vem, vou retornar ao seu consultório e, mesmo que ele me reconheça e faça perguntas sobre minha bonquite e a minha rinite alérgica, não vou titubear. Adentro sua sala de espera e vocifero:

– Eu já sei de tudo, dr. Pompílio. E também quero a beberagem...

« Home | Next »
| Next »
| Next »
| Next »
| Next »
| Next »
| Next »
| Next »
| Next »
| Next »

» Postar um comentário