<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d8849594\x26blogName\x3dCaderno+de+Rascunhos+::\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLACK\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://cadernoderascunhos.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_BR\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://cadernoderascunhos.blogspot.com/\x26vt\x3d1207098319145265330', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

Punctus exclamativus


Ao chegar ao país da gramática, Emília grita, diante de dezenas de pontos-de-exclamação: “– Viva! Estão cá os companheiros das Senhoras Interjeições. Vivem de olhos arregalados, a espantar-se e a espantar os outros. Oh! Ah!!! Ih!!!!!”

Anos depois, escreveria o bom poeta João Cabral de Melo Neto: “Todo mundo aceita que ao homem cabe pontuar a própria vida:
que viva em ponto-de-exclamação.” Às vezes, mas nem sempre, prefiro concordar – e pontuar minha vida – com F. Scott Fitzgerald, que desaconselhava aos novos (e a todos os demais) escritores o uso desses sinais em seus textos. “Usar pontos-de-exclamação é como rir das próprias piadas”, advertia o autor de "O Grande Gatsby".


Confesso: estou em boa – mas também em má – companhia quando o assunto é o sinal gráfico originado do logotipo para a exclamação latina , denotadora de alegria e dor. Ao mesmo tempo em que Fitzgerald é meu baluarte e meu exemplo em ser parcimonioso ao usá-lo, Nelson Rodrigues, eterno defensor do sinal infame que é tema deste post, era um dos maiores entusiastas de seu uso, principalmente nos jornais.

Colocado contra a parede por aqueles que ele chamava de “idiotas da objetividade” (os defensores do jornalismo objetivo, sem pontos-de-exclamação e narizes-de-cera, entre eles Pompeu de Souza e Carlos Lacerda, autores dos primeiros manuais de redação baseados no estilo norte-americano de dar a notícia), Nelson vociferava: “Vamos supor que o mundo acabasse. O 'Diário Carioca' teria de dar essa manchete sem um mínimo de paixão!” Não há como deixar de concordar com o anjo pornográfico.

Dizem que o criador do logotipo teria sido o poeta, historiador e político italiano Coluccio Salutati. O punctus exclamativus sive admirativus só se popularizou a partir de meados do século XVII, provavelmente com a ajuda das obras barrocas, que produziam, como dizia Severo Sarduy, uma exclamación inefable, o que levou alguns críticos a cunhar a expressão barroco gritón.

Ao ingressar na Escola de Comunicação da UFRJ, fui presenteado com uma aula inaugural ministrada pelo impagável Tutty Vasques, outro defensor desse sinal gráfico. Tutty contou que começou a pontuar seus títulos e frases com pontos-de-exclamação por conta de uma birra, uma pirraça que tivera com um editor, que o proibira de usá-los.

Não sei por que resolvi preencher as linhas de mais uma sexta-feira insossa com um tema ao mesmo tempo tão inoportuno e
sem-importância como os pontos-de-exclamação. Também não há motivos para que a leitora tenha deixado de lado tarefas mais edificantes, tendo chegado até o derradeiro parágrafo deste post (motivos não devem faltar, e eu os compreendo). Mas o fato é que há em mim uma relação de amor e ódio com tal sinal gráfico. Usado em demasia por alguns, perde o encanto que é próprio às coisas raras; banido sem distinção, é a materialização da perda de nossa capacidade de espanto e revolta diante do que choca, como no quadro “O Grito”, do genial Edvard Munch, que ilustra esse exclamativo texto.
« Home | Next »
| Next »
| Next »
| Next »
| Next »
| Next »
| Next »
| Next »
| Next »
| Next »

» Postar um comentário