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Ofícios (trecho)

Da praça da grande metrópole, João enxerga os senhores de óculos escuros, as senhoras de salto alto e os milhares de joões que voltam para casa.

Ainda percebe, no alto dos grandes edifícios, os senhores por detrás dos vidros fumê calculando o custo-benefício do olhar, os vendedores de lojas de calçados que observam o toc-toc-tar dos saltos dos sapatos nas calçadas e paralelepípedos.

João se cansa, olha para o céu e luz não consegue ver; olha para a frente e sente suas juntas se enrijecerem. João não entende. De seus dedos dos pés e mãos começam a surgir teclas em formas circulares. Sua língua se empalidece. No auge do desespero, João olha para as mãos e lê, admirado: A, S, D, F, G, H...

João mais uma vez olha para o céu e de pronto vocifera, mas o que sai de sua boca não são palavras faladas, e sim uma ordinária folha de papel ofício amarelada, onde lê: – Deus, por que me abandonaste?

João diminui de estatura. De um metro e sessenta e cinco de antes, ele agora era um cidadão representado por ridículos quarenta centímetros. A esta altura – dos acontecimentos, não de João –, uma multidão já cercara o banco onde ele agonizava. Quando suas orelhas já se transformavam em tabuladores e seus olhos em dois rolos de fita bicolor, os repórteres de televisão chegaram.

Às dezoito horas e cinco minutos, João datilografou suas últimas palavras:
– Deus, perdoe a todos, pois eles não sabem o que fazem...
João havia se transformado em uma máquina de escrever.

Depois do fato, um rapaz da limpeza levaria João para os fundos do almoxarifado de um escritório qualquer. João, uma máquina de escrever.
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